Guilherme
de Ockham, ou William de Ockham, foi um frade franciscano que viveu na
Inglaterra entre os períodos de 1280 a 1347. Morreu com a enfadonha peste
negra; mas antes, desenvolveu trabalhos dentro da filosofia escolástica
inglesa. Após inúmeros desentendimentos com o Papa João 22, Ockham foi
excomungado, sendo acusado de cometer inúmeras heresias. Fugiu no ano de 1328
para a cidade de Pisa, na Itália, onde sob a proteção do imperador Luis 4º da
Baviera, prosseguiu com os seus estudos, liderando um pequeno grupo de
franciscanos dissidentes.
Ockham
defendeu até o fim a ideia de que os conhecimentos abstratos referem-se apenas
ao mundo das ideias, o que não garantiria sua conformidade ou ligação com o
mundo real. Para ele, a Fé não apresenta argumentos que possam ser testados ou
demonstrados. Defendeu a ideia que, o que une as afirmações sobre teologia
seria a Fé e não a razão. Para ele, a razão também não poderia proporcionar
assistência e apoio aos mistérios da Fé, pois, segundo ele, para as coisas
divinas, a razão não é capaz de explicar. Neste ponto, portanto, ele descarta
totalmente a metafísica de sua filosofia, sendo um crítico feroz da metafísica
como um todo, especialmente a filosofia de Santo Tomás de Aquino e de
Aristóteles.
O
que não pode deixar de ser lembrado, é que a pregação nominalista filosófico-teológica
de Ockham, foi uma das principais causas da enfadonha reforma protestante; o
que por sí só, inaugurou uma das maiores tragédias para a Fé Católica. Paul
Gilbert (1999, p. 147) afirma que as ideias basilares que inauguraram a reforma
protestante de Lutero são de cunho ockhamista. Resumindo, para Lutero, a verdade
única, que deve ser aceita por todos em qualquer situação, enfraquece-se e se
torna incerta nas consciências individuais (ZAGHENI, 1999, p.110). Consequências
na reforma protestante: A Sola Scriptura; Sola Gratia e a Sola Fide.
Não
há a menor dúvida quanto ao prejuízo que Ockham causou na Fé
Católica. Com efeito, percebe-se hoje, que sua navalha, continua seu silencioso trabalho, mutilando a Fé Católica sem que ninguém perceba.
Primeiramente, não seria possível reduzir a filosofia a meras questões da razão, tampouco a teologia às questões da Fé, que para Ockham são
inalcançáveis ao homem. Para Santo Tomás, a relação Razão/Fé são inclusive inseparáveis. Um exemplo; a ciência moderna comprovou
que o universo está em movimento, ou seja, em constante expansão. Porém, de acordo com a 1ª via, de São Tomás, um ser não move a si mesmo, podendo,
portanto, mover outro ou por outro ser movido. Assim, se retroagirmos ao
infinito, não explicamos o movimento se não encontramos um primeiro motor que
move todos os outros.
A
ideia de simplificar as coisas segundo Ockham aparenta buscar a verdade de
acordo com o mundo sensível, excluindo o sobrenatural; todavia, rejeitando o
uso da razão como ferramenta para a Fé, ele nada mais faz do que decepar o
óbvio necessário para chegar até a verdade. Santo Tomás deixa muito claro a correlação
lógica entre o físico e o metafísico. Esta visão
simplista do sensível de Ockham para muito além dos problemas de
estímulo à reforma protestante, no meu entender se estendem até mesmo na
influência para a teologia da libertação na Igreja Católica.
Em
sua formulação, a Navalha de Ockham dirá que, entre duas teorias com iguais resultados, que
explicam ou preveem os mesmos fenômenos, devemos sempre escolher a
teoria mais simples. Hora pois, o que percebo desta metodologia nas
homilias dos padres da teologia da libertação? Respondo, dizendo, passam a Navalha
de Ockham em todo o evangelho, reduzindo todo ele ao que é sensível aos olhos
do homem. Com efeito, se para o Magistério da Igreja, Jesus é 100% homem e 100%
Deus, e estas realidades de Cristo não podem ser separadas; para os aplicadores
da filosofia de Ockham, a navalha passa em Jesus, reduzindo a sua existência e
essência a apenas 100% homem. Pois, é muito mais fácil, segundo a ideia de
Ockham, perceber Jesus apenas como um homem, utopicamente perfeito, e que todos
devem querer ser como este homem, para compartilhar da sua
perfeição, sempre buscando tornar-se um homem divino.
Onde colocam Jesus 100% Deus então? Respondo, dizendo, como no entender deles, o Ente é inalcançável, não controlável e inatingível, resolveram portanto, varrer o lado divino de Jesus. Como se chama isso na prática? Respondo, ou seja, politização do evangelho. Como os teólogos da libertação trabalham portanto os efeitos sobrenaturais de Jesus? Incrivelmente reduzem os acontecimentos relatados na Sagrada Escritura como acréscimo da comunidade primitiva; ou seja, nada daquilo aconteceu na verdade, o povo com o passar dos séculos foi aumentando as "mentiras inventadas" pelas “férteis mentes dos fiéis” e as "informações" chegaram até nós completamente "distorcidas". Consegue perceber como a Navalha de Ockham está presente neste modus operandi? Acredito que o filósofo possui ligação com mais este problema, que assola toda a cultura ocidental. É público e notório que o autor é fonte de estudos para a formação de muitos filósofos / “teólogos” em suas respectivas academias (vide os vários trabalhos acadêmicos publicados), que hoje aleija de forma covarde o evangelho de Cristo. Acredito que Ockham está completamente equivocado em sua filosofia; se ele nega a metafísica, teria que negar o seu próprio pensamento, pois, ele não tem forma, cheiro, não pode ser visto e nem tocado; ou seja é metafísico. Tenho convicção de que seu trabalho foi um desserviço para a humanidade, e que sua navalha corta não somente os corações dos que amam a Deus; mas tambem suas almas, corroborando com o projeto do inimigo, levando uma infinidade para o inferno. Deus tenha misericórdia de todos nós.
GILBERT. Paul. Introdução à Teologia Medieval. Trad. Dion Davi Macedo. São Paulo: Loyola, 1999.
ZAGHENI, Guido. A Idade Moderna: Curso de História da Igreja III. São Paulo: Paulus, 1999.
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