Imagine você no colégio; alguém te pergunta o porquê de estar no colégio, e você responde; "que é para ir para faculdade". Tão logo, alguém te pergunta o porquê de você querer frequentar uma faculdade, e você responde; "para formar e trabalhar no mercado de trabalho, passar num concurso...". Em sequência, alguém pergunta a você o porquê de você querer trabalhar, passar num concurso; então você responde, "é para ganhar dinheiro, me sustentar, ser feliz; ter qualidade de vida, etc." Contudo, você inevitavelmente esbarrará numa coisa chamada morte. Segundo o Padre Paulo Ricardo, nós acabamos vivendo a vida de forma insensata (não tem sentido algum em si mesmo), estamos continuamente adiando problemas (os marxistas fazem isso muito bem); nós precisamos nos dar conta que se nossa vida tem sentido, o sentido dela está fora dela.
O sentido tem que sair de algo que é transitório para algo que se torna definitivo. Quando rezamos, por exemplo, o que buscamos? O centro de gravidade das nossas preces está nesse contexto em nós mesmos? E para as pessoas que não acreditam em Deus, a vida torna-se absurda (muitos até praticam o autoextermínio)? Mas e para aquelas que creem Nele? Respondo, dizendo, resta-nos viver para o objetivo último e único, ou seja, para Deus. Se Deus existe e eu não me pertenço, isso muda completamente o sentido da minha existência.
De repente você vai praticar a busca pelo definitivo (transcendência) e se vê rezando assim; "Senhor, ajuda-me"; "Senhor proteja-me!"; "Senhor abençõe o meu trabalho!"; "Senhor me dê uma casa!"; "Senhor me dê um carro!"; "Senhor me dê saúde!"; "Senhor não deixe me faltar dinheiro!"; e etc. Este talvez seja um dos motivos pelos quais Jesus disse em Mateus 7:21 "Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus".
Não que seja errado pedir qualquer coisa para nós mesmos; apenas não faz sentido pedir para nós mesmos sabendo que o sentido do eu está fora do eu. Na Cultura Cristã, uma alma no purgatório não pode pedir por outra alma (muito menos para ela mesma); mas para nós vivos, essa intercessão, esse pedido, se faz extremamente eficaz!
Com
efeito, o sentido de estar vivo, no sentido que conhecemos e experimentamos,
não está nele, mas fora dele. Jesus disse em João 18:36 “Meu Reino não é deste
mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me
prendessem. Mas, agora, meu Reino não é daqui.”
O
que Deus quis nos dizer com isso? Além de dizer que o que há de melhor não está
neste mundo; ou seja, não nesta realidade; mas fora dela. Entendo da seguinte
forma; não dá para ficarmos presos ao nosso eu o tempo todo. Se você reza para você mesmo o tempo todo; cuida apenas de você o tempo todo; planeja apenas para
você o tempo todo; você absolutamente não entendeu o que Deus o tempo todo quer
para você!
Outro
dia, indo ao trabalho roguei a Deus em minhas orações (fazendo um exercício de
me tirar do foco da oração); que me ajudasse a extrapolar o meu eu no meu
relacionamento com Ele; e de forma imediata, parado em um sinal de trânsito; um
rapaz de moto aponta para mim e me diz, "irmão, Jesus mandou dizer que te
ama!"; assim ele repetiu com todos parados ali no sinal dentro dos veículos,
e de uma pessoa que atravessava a rua.
O
sentido de você ser um cristão não está em você, está fora de você. Com efeito,
não fique rezando apenas para você; reze pelo outro principalmente. Deus quer
que entendamos que para chegarmos a ele; nós precisamos desapegar de nós mesmos,
tanto fisicamente quanto espiritualmente; daí o porquê da importância do jejum;
da caridade; da oração pelas almas do purgatório. Almeja vida eterna?
Desapegue-se do seu eu.
Está
passando por algum sofrimento? O entregue para Deus; pois o sentido do seu
sofrimento não está em você, mas fora de você! Se você acompanhou esta reflexão
até aqui; de repente irá entender que, não importa quem eu sou como sugere o
título; mas o que eu faço com o meu eu. Para Deus, caso trate o meu eu como
centro de tudo, é possível que para Ele, o meu eu não signifique nada. Com efeito,
se eu entendo o meu eu no outro; de repente o meu eu para Ele torne-se tudo!
É
um exercício fácil de realizar? Respondo, dizendo, não! Mas não é impossível.
Aprecie a vida dos santos da Igreja, eles praticaram o esvaziamento do eu com
maestria. Pode parecer clichê tratar disso; porém, a realidade nos mostra que
não é tão simples assim. Lembre-se, este mundo é uma prisão, alocada em um universo com mais de 100 bilhões de galáxias. Prisão resultante da desobediência inicial; e o que nos resta é a reabilitação (Céu); ou a permanencia nele (terra, que é local transitório); ou ir em definitivo para o lugar pior (inferno). O que você escolhe? Não é a toa que Deus criou o universo da maneira que conhecermos; a cada dia que passa, a ciência descobre mais e mais o quão isolados de tudo estamos. A matéria que conhecemos não quer dizer nada nela mesma; o sentido não está nela, mas fora dela.
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