Acredito
que muito além dos reais problemas que o estatuto da criança e do adolescente
trouxe; ou do sucateamento proposital que a coisa pública faz questão de impor
ao sistema de educação; ou o óbvio problema da infiltração marxista nas
universidades, formando professores doutrinadores ideológicos; penso que, além
de tudo isso, existe um sério problema de uso da linguagem / didática (maneira
de ensinar). Seria esse rebuscamento de linguagem ensinado aos professores nas
universidades pensado de forma proposital para o não entendimento dos alunos no
ensino básico? Acredito que sim. Seria até mesmo o estudante universitário
preparado para esta linguagem? Acredito que na sua maioria não. Para o
acadêmico que se especializará e trabalhará neste meio, com projetos de
pesquisa para o bom desenvolvimento de tecnologias e para o desenvolvimento do
país tudo certo. Mas para o aspirante a professor, é essencial saber fazer a
tradução dos conhecimentos aprendidos na academia, de modo que o aluno possa
entender. Lembrando que o sentido de se tornar um professor não está nele, mas
fora dele, nos alunos.
É
público e notório que os professores não conseguem adequar seus conteúdos que, na
maioria das vezes são complexos para a idade mental dos alunos. Os professores
acabam descarregando conteúdos e mais conteúdos recheados de axiomatismos. Não
há um ponto comum de interesse, que conecte o aluno com o professor e o
conteúdo. As aulas acabam sendo técnicas demais; chatas demais; sem propósito
demais para a cabeça deles. Os livros didáticos representam muito bem tudo
isso.
Acredito
que antes do ECA (Estatudo da Criança e do Adolescente), este problema também
existia. Os resultados não eram tão ruins porque, os alunos ainda tinham deveres
tanto quanto tinham “direitos” como acontece hoje. Então com a disciplina,
tanto na escola quanto em casa, de certa forma, era possível relativamente
manter o aluno focado nos estudos. O aluno tinha que passar; tinha que
apresentar o boletim para os pais; não podia pegar mais de três recuperações,
caso contrário era reprovado; se fosse indisciplinado corria o risco de ser
expulso do colégio. Pais e alunos falavam a mesma língua; era uma metodologia
ideal? Acredito que não, mas funcionava melhor.
O
ideal dentre tantos legalismos garantidores de direitos, dentre outras
situações de derivadas de desestruturações sociais; para ensinar, seria interessante,
buscar uma adequação de linguagem para a realidade mental do aluno. Não estou
propondo idiotizar o aluno, ou infantilizá-lo; mas inserirí-lo no conteúdo,
para que ele consiga vislumbrar um mínimo de utilidade daquilo para a sua vida.
Acredito muito na eficiência das associações mnemônicas; talvez inserir na
grade do professor o domínio desta técnica seria proveitoso. Claro que não há
uma fórmula exata; mas acredito que o professor bem intencionado, tem este
caminho. Professor passe o seu conteúdo, mas de maneira que o aluno queira e
consiga entender; use as ferramentas que forem possíveis para fazer sua
interlocução com o mundo deles. Não se contente em fingir que está ensinando; e
não permita que o seu aluno finja que está aprendendo. Não é preciso ser um
gênio para entender que o Estamento Burocrático quer transformar seu aluno em
um idiota; portanto, posicione-se. Já que resolveu investir nisso, lute.
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