𝐹𝑖𝑙𝑜𝑠𝑜𝑓𝑖𝑎, 𝑇𝑒𝑜𝑙𝑜𝑔𝑖𝑎 𝑒 𝐶𝑢𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑒𝑚 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙!

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

PREGUIÇA INTELECTUAL

        Na alegoria do mito da caverna de Platão; Sócrates convida a Glauco a imaginar a existência de uma caverna, onde os prisioneiros desde a infância; estando com as mãos amarradas, observavam imagens distorcidas em forma de sombras, projetadas por uma fogueira. Toda a ideia de realidade deles vinha absolutamente sob as impressões que as sombras, também dos ecos e ruídos gerados fora da caverna. Um dos prisioneiros acaba sendo liberto, e pouco a pouco descobriu que todas as imagens, sons e ruídos gerados enquanto prisioneiro eram apenas cópias imperfeitas do que ele conhecia de uma pequena parcela da realidade.

Sabendo do que se tratava, o prisioneiro liberto, poderia voltar para a caverna e contar para os seus que eles estavam sendo enganados, ou viver livre sem interferir no destino deles. Com efeito, caso optasse por voltar à caverna e contar a realidade aos seus; correria o risco de ser taxado como louco. Se você estivesse no lugar do prisioneiro liberto o que faria? Sairia em liberdade, desbravando mais e mais os segredos do mundo ou voltaria para a difícil tarefa de tentar abrir os olhos dos demais encarcerados? Bem, confiante em tudo que os grandes santos doutores da Igreja ensinaram; sabendo que o sentido da realidade descoberta não está nela, mas fora dela, retornaria então na difícil tarefa de convencer os demais prisioneiros a se livrarem das “verdades” projetadas a eles.

Não há fórmula perfeita para alcançar o entendimento mínimo deste mundo. Deve existir um equilíbrio entre razão e Fé. Lembrando que, a razão só foi possível, porque algo superior a ela permitiu sua existência. Por não existir uma forma perfeita, precisamos no mínimo ter cautela na análise das coisas. Grandes mudanças em um curto espaço de tempo não podem ter suas consequências testadas; o que torna este ato temerário. Imagine se o prisioneiro livre voltasse de uma vez só e contasse tudo que ele observou no mundo exterior? Não seria diferente o resultado; seria mesmo chamado de louco. Agora, imagine se ele, com tempo, voltasse, abordasse um a um com cautela, trouxesse fatos, informações, e sem pressa, de louco, passaria talvez a libertador daquela gente, ou de parte dela.

Acredito como conservador, que nossa caverna não é muito diferente da Alegoria de Platão. Podemos hoje ver o sol, a lua, as estrelas, as pessoas, as sombras, as águas, as comidas e seus sabores, e mesmo assim estar completamente alheios à realidade. Existe uma espiral do silêncio; ouse sair dela e será visto como louco. O que devemos fazer então? Ficarmos presos nela e não se indispor com o encarcerador, ou quebrar este silêncio com o som da realidade e aguentar as consequências? Respondo, dizendo, precisamos quebrar com esta espiral, mesmo que isso custe caro. Existirão aqueles que continuarão se conformando com o que veem; com o que lhes é imposto como verdade; porém, existirão aqueles que querem ver as coisas como elas realmente são, isto já basta para mim.

Não tenha preguiça intelectual; a sua vida e a das pessoas que você ama depende disso. Não aceite mudanças bruscas. A humanidade está aí há séculos. Aprenda a conservar o que deu certo; e quaisquer soluções mirabolantes e revolucionárias tem que ser colocadas em cheque; pois você não sabe o que essas soluções podem lhe trazer de prejuízo no futuro próximo. É proibido mudanças? Claro que não! Apenas analise com cautela as mudanças; e quando você tiver certeza de que aquilo não será danoso; aí sim, mude. Segundo o grande filósofo Edmund Burke, as inovações são essenciais para o desenvolvimento humano, contudo, deve ser observada sob uma ótica cuidadosa, de forma gradual, considerando a tradição, a prescrição e a ordem.

O mundo dentro da escatologia cristã é uma prisão. Cristo veio para este mundo e se deu como prisioneiro, morreu e ressuscitou para salvar a todos nós. Se a prisão está neste mundo, a libertação está fora do mundo. Então o que vemos de concreto aqui nesta realidade, o que envolve todo o material pode ser relacionado com os vultos projetados, ruídos e ecos da caverna da Alegoria de Platão? Respondo, dizendo, que sim. Pensando bem, o mundo é realmente uma prisão! Estamos em universo não infinito, com mais de 100 bilhões de galáxias; incalculavelmente isolados de tudo. O máximo que conseguimos foi pisar na lua; enviar algumas sondas, tirar algumas fotos de planetas como marte, saturno e etc. Você realmente acredita que a terra é o centro do universo? Acredita realmente que tudo que vê e toca neste local corresponde a verdade? Não precisa ser muito inteligente para perceber isso. 

Não acredite em propagandas (marxismo, comunismo e sociedades secretas e etc.), ou seja, no que te prometem para o amanhã, principalmente um amanhã que nunca chega. Deus já cansou de nos mostrar o caminho para sairmos da caverna. Já nos deu todas as ferramentas possíveis e impossíveis para que mesmo não enxergando, palpando, sentindo, possamos descobrir onde está a verdadeira morada. Este mundo está aí, e é o que temos, porém, não tem como chegar do lado de fora dele (metafisicamente falando) sem passar por ele. Querem destruir a cultura cristã; único meio de passarmos por aqui tendo o mínimo de condições de alcançar o Reino de Deus. Concluo, dizendo, enquanto estivermos aqui, precisamos assim como fizeram os mártires da Igreja, lutar para que as pessoas realmente possam enxergar além deste mundo. A missão é fácil? Absolutamente não.

 

PLATÃO. A República. (trad. Enrico Corvisieri) São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Col. Os Pensadores).




 

Post anterior
Próximo post

0 comments: